terça-feira, 5 de novembro de 2013

Documentário Harmonia

Parque Harmonia

Na aula Museologia no Mundo Contemporâneo do dia 31 de outubro, a professora Zita Possamai, nos apresentou o documentário de Jaime Lerner, intitulado, Harmonia, este vídeo traz um embate sobre dois grupos de Porto Alegre, os carnavalescos e os tradicionalistas, a discussão do roteiro acontece em torno da construção de uma pista de eventos que estava em votação pela Prefeitura de Porto Alegre em 1993, durante o mandato de Tarso Genro.
Harmonia é o nome de um parque localizado em uma área central de Porto Alegre. Atualmente, durante a semana do dia 20 de setembro, todo ano ocorre o Acampamento Farroupilha em comemoração a Revolução Farroupilha (1835-1845), neste local este evento demarca um local de gaúchos tradicionalistas. Primeiramente o Parque foi chamado de Porto dos Casais, com o tempo recebeu o nome de Parque da Harmonia, através da lei nº 5066, de 1981, em 25 de março de 1987, pela lei municipal nº 5885, mudou o nome para Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
A disputa por este território é o ponto principal deste documentário, através dos depoimentos de historiadores como Tau Golin, Moacyr Flores, Mario Maestri, alguns tradicionalistas como Nico Fagundes, Bagre Fagundes, Paixão Côrtes, Barbosa Lessa; alguns carnavalescos de escolas de samba de Porto Alegre e outros, a discussão acaba sendo desenvolvida.
Este documentário aborda várias questões, que estivemos discutindo nesta disciplina, sobre identidades, tolerar e aceitar as diferenças, a questão de se colocar no lugar do outro, o patrimônio como força política.
Esta disputa realizada por estes dois grupos citados nos mostra os conflitos de uma demarcação de um local simbólico e também político. Conforme Néstor García Canclini “espaço de luta material e simbólica entre as classes, as etnias e os grupos”. Cada grupo apresenta seus argumentos sobre a questão da construção do sambódromo no Parque, os tradicionalistas falam que não teriam nada contra o carnaval e tudo contra a construção do sambódromo.
O documentário mostra o quanto à história explica as diferenças e o conflito entre estes dois grupos, tanto sobre a construção do mito do gaúcho, na fala de Paixão Cortês e na fala dos historiadores sobre a Batalha de Porongos afirmando a figura de David Canabarro como um traidor dos lanceiros negros.
Em um espaço que seria público, estes grupos não estão apenas defendendo seus espaços de agremiação, mas, também estão defendendo suas identidades conforme as raízes de suas
Laçador
culturas. E neste jogo de lutas simbólicas e políticas, podemos perceber que sempre ganha o lado com poder maior.  A justiça acabou suspendendo a votação deste projeto, o qual teve ambientalistas, políticos e o maior número de tradicionalistas contra a construção do sambódromo.
Atualmente, se fizermos uma relação sobre a questão do impacto ambiental relatado no filme, podemos questionar sobre o impacto causado, anualmente, neste parque durante o mês de setembro, durante o Acampamento Farroupilha. Existe também um restaurante neste parque, esta construção ninguém questionou.
A construção deste sambódromo vai além da discussão do impacto ambiental de um concreto construído neste parque e sim, o que realmente está em discussão é a defesa de um espaço por um grupo que não permitiria a mistura de grupos com formas diferentes de atuar, o qual constituiu em uma segregação. Hoje sabemos como terminou este episódio o carnaval visto como uma festa popular foi enviada para a parte periférica da cidade de Porto Alegre, onde encontra-se atualmente no Complexo Cultural do Porto Seco, na zona norte da cidade, longe dos olhos dos tradicionalistas.


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