Em outubro na aula de Museologia no Mundo
Contemporâneo, foi realizado um Seminário sobre a obra do autor Stuart Hall, A
identidade cultural na pós-modernidade.
Nesta obra o autor
apresenta várias questões sobre as identidades e suas fragmentações na
pós-modernidade, seus deslocamentos e a pergunta principal de sua obra, existe
"uma crise de identidade"?
Segue abaixo as ideias
principais retiradas da obra do autor Stuart Hall.
Stuart Hall - Teórico Cultural Jamaicano |
1.
A identidade em questão
Novas identidades e fragmentando o
indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito unificado.
Velhas identidades - Sujeito Unificado
Fragmentadas- Identidades na Modernidade Tardia (Final séc. XX. Pós-modernidade)
Velhas identidades - Sujeito Unificado
Fragmentadas- Identidades na Modernidade Tardia (Final séc. XX. Pós-modernidade)
a) Iluminismo
b) Sociológico
c) Pós- moderno
Sujeito descentrado
“Crise de identidade”, dentro de um
processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos
centrais – ancoragem estável o mundo social.
Propósito da obra: A pergunta é existe
“uma crise de identidade”.
- Que pretendemos dizer com “crise de
identidade”?
- Que acontecimentos recentes nas
sociedades modernas precipitaram essa crise?
- Que formas ela toma?
- Quais são suas consequências
potenciais?
Alguns teóricos acreditam que as
identidades modernas estão entrando em colapso. Um tipo diferente de mudança
estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX.
(p.9)
2. Nascimento e morte do
sujeito moderno.
Sujeito unificado
l
Sujeito unificado
l
Nascimento
- Reforma Protestante
- R. Descartes (1596-1650) “penso,
logo existo”
- J. Locke – capitalismo –
individualismo
- Darrwin
- Sociologia
Esta fragmentação com as
identidades modernas, não foram simplesmente uma desagregação, mas um
deslocamento. (p.34)
Isto se deve a uma série
de rupturas nos discursos do conhecimento moderno. (p.34)
Cinco
grandes avanços na
teoria social e nas ciências humanas ocorridos no pensamento, no período da
modernidade tardia (a segunda metade do século XX), maior efeito o
descentramento final do sujeito cartesiano.
1ª – a primeira
descentração refere-se às tradições do pensamento marxista: as relações sociais e não uma noção abstrata de homem no
centro de seu sistema teórico.
2ª – Freud – a
descoberta do inconsciente.
3ª – Ferdinand de Saussure
– a língua é um sistema social e não um sistema individual.
4ª – Historiador francês
Michel Foucault – o poder disciplinar
5ª – Feminismo – política
de identidade.
O autor mapeou as mudanças
conceituais através das quais, de acordo com alguns teóricos, o “sujeito” do
Iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado.
3. As culturas nacionais
como comunidades imaginadas
(p.47)
O autor centrou na questão de como este “sujeito
fragmentado” é colocado em termos de suas identidades culturais.
Identidade
cultural – identidade nacional
- O que está acontecendo à identidade cultural na
modernidade tardia?
-
Como as identidade culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo
processo de globalização?
Onde nascemos - se constituem em uma
das principais fontes de identidade cultural. Segundo o Hall, isto acontece de
forma metafórica, aos nos definirmos como ingleses ou galeses ou indianos os
jamaicanos. Porque estas identidades não estão literalmente impressas em nossos
genes. Mas, pensamos nelas como se fossem parte de nossa natureza essencial.
(p. 48) O filósofo conservador Roger
Scruton: para agirmos como um ser autônomo, primeiro nos identificamos como um
membro de uma sociedade, grupo, classe, estado ou nação, que pode até não ter
um nome, mas que a pessoa reconheça como seu lar.
Ernest Gellner: acredita que sem um
sentimento de identificação nacional o sujeito moderno experimentaria um
profundo sentimento de perda. (p.48)
Segundo Stuart Hall, as identidades
nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e
transformadas no interior da representação.
(p. 48-49) “Nós só sabemos o que
significa ser “inglês” devido ao modo como a “inglesidade” veio a ser representada
– como um conjunto de significados pela cultura nacional inglesa. Segue-se que
a nação não é apenas uma entidade
política mas algo que produz sentidos um sistema de representação cultural.”
(p.49) Uma nação é uma comunidade
simbólica e é isso que explica seu “poder para gerar um sentimento de
identidade e lealdade” (Schwarz, 1986. P.106)
Uma cultura nacional contribuiu para
criar padrões de alfabetização universais, generalizou uma única língua
vernacular como meio dominante de comunicação em toda a nação, criou uma
cultura homogênea e manteve instituições culturais nacionais, como por exemplo,
um sistema educacional nacional.
Narrando
a nação: uma comunidade imaginada
(p.50)
“As culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas
também de símbolos e representações. Uma
cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que
influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós
mesmos.
(p.51)
Como argumentou Benedict Anderson (1983), a identidade nacional é uma
“comunidade imaginada”.
(p.51)
– Mas como é imaginada a nação moderna?
-
Que estratégias representacionais são acionadas para construir nosso senso
comum sobre o pertencimento ou sobre a identidade nacional?
-
Quase são as representações, digamos, de “Inglaterra”, que dominam as
identificações e definem as identidades do povo “inglês”?
-
Como é contada a narrativa da cultura nacional?
5 elementos principais
para responder.
1ª
– há a narrativa da nação – literaturas nacionais, na mídia e na cultura
popular.
2ª
- origens na continuidade, na tradição e na intemporalidade.
3ª
– Hobsbawm e Ranger chamam de invenções da tradição: “Tradições que parecem ou
alegam ser antigas são muitas vezes de origem bastante recente e algumas vezes
inventadas.
4ª
– exemplo de narrativa da cultura nacional é a do mito fundacional: uma estória que localiza a origem da nação, do
povo e de seu caráter nacional num passado tão distante que eles perdem nas
brumas do tempo.
5ª
– A identidade nacional muitas vezes simbolicamente baseada na ideia de um povo ou folk puro, original.
Retornar
ao passado ocultar uma luta para mobilizar as “pessoas” para que purifiquem
suas fileiras.
Desconstruindo
a “cultura nacional”: identidade e diferença. (discutirei se as identidades nacionais
são realmente tão unificadas e tão
homogêneas como representam ser)
(p.58) Ernest Renan disse três coisas
constituem o princípio espiritual da unidade de uma nação: “[...] a posse em
comum de um rico legado de memórias [...], o desejo de viver em conjunto e a
vontade de perpetuar, de uma forma indivisiva, a herança que se recebeu”
(Renan, 1990, p. 19)
Cultura nacional – “comunidade
imaginada”: as memórias de passado; o desejo por viver em conjunto; a
perpetuação da herança.
(p.59). [...] não importa quão
diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma
cultura nacional busca unificá-los numa identidade cultural, para
representá-los todos como pertencendo à mesma e grande família nacional.
Mas seria a identidade nacional uma
identidade unificadora desse tipo, uma identidade que anula e subordina a
diferença cultural?
Esta ideia está sujeita à dúvida, por
várias razões. Uma cultura nacional nunca foi um simples ponto de lealdade,
união e identificação simbólica.
Ela é também uma estrutura de poder
cultural.
1º unificação por meio de conquista violenta. “O povo britânico”
é constituído por uma série desse tipo de conquistas- célticas, romanas,
saxônica, viking e normanda.
2º as nações são sempre compostas de
diferentes classes sociais e diferentes grupos étnicos e de gênero.
3° exercendo uma hegemonia cultural
sobe as culturas dos colonizados.
(p.61) Em vez de pensar as culturas
nacionais como unificadas, deveríamos pensá-las como constituindo um dispositivo discursivo que representa a
diferença como unidade ou identidade.
De forma fantasiosa as identidades
nacionais continuam a ser representadas como unificadas.
(p.62) Uma forma de unificá-las tem
sido a de representá-las como a expressão da cultura subjacente de “um único
povo”.
(p.62) A etnia é o termo que utilizamos para nos referirmos às
características culturais – língua, religião, costume, tradições, sentimento de
“lugar” – que são partilhadas por um povo. A Europa Ocidental não tem qualquer
nação que seja composta de apenas um
único povo, uma única cultura ou etnia. As nações modernas são, todas, híbridos culturais.
Raça – é ainda mais difícil unificar a
identidade nacional em torno da raça.
(p.63) A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria
biológica. [...] como marcas simbólicas,
a fim de diferenciar socialmente um grupo de outro.
(p.64) Nações de sangue.
Este breve exame solapa a ideia da
nação como uma identidade cultural unificada.
Temos que termos em mente a forma pela
qual as culturas nacionais contribuem para “costurar” as diferenças numa única
identidade.
4. Globalização
(p.67) O que, então, está tão
poderosamente deslocando as identidades culturais nacionais, agora, no fim do
século XX? A “globalização”. (são
processos atuantes numa escala global que atravessam fronteiras nacionais, integrando
e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em
realidade e em experiência, mais interconectado.
As consequências desses aspectos da
globalização sobre as identidades culturais:
- as identidades nacionais estão se desintegrando,
como resultado do crescimento da homogeneização cultural e do “pós-moderno
global”.
- as identidades nacionais e outras identidades
“locais” ou particularistas estão sendo reforçadas pela resistência à globalização.
- As identidades nacionais estão em
declínio, mas novas identidades – híbridas – estão tomando seu lugar.
Compressão
espaço-tempo e identidade
(p.69) Que impacto tem a última fase
da globalização sobre as identidades nacionais?
“compressão espaço-tempo” – se sente
que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um
determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a
uma grande distância.
O impacto da globalização sobre a
identidade é que o tempo e o espaço são também as coordenadas básicas de todos
os sistemas de representação.
Escrita, pintura, desenho, fotografia, simbolização através da arte ou dos
sistemas de telecomunicação
Em
direção ao pós-moderno global?
(p.73) Alguns teóricos argumentaram que
o efeito geral desses processos globais tem sido o de enfraquecer ou solapar
formas nacionais de identidade cultural.
[...] as identidades locais, regionais
e comunitárias têm se tornado mais importantes.
(p.73) Alguns teóricos culturais argumentam
que a tendência em direção a uma maior interdependência global está levando ao
colapso de toda as identidades culturais fortes e está produzindo aquela
fragmentação de códigos cultuais, aquela multiplicidade de estilos [...].
(p.74) Os fluxos culturais, entre as
nações e o consumismo global criam possibilidade de “identidades partilhadas”
como “consumidores” para os mesmos bens, “clientes” para os mesmos serviços,
“públicos” para as mesmas mensagens e imagens...
(p.75) Quanto mais a vida social se
torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens
internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação
globalmente interligadas, mas as identidades se tornam
desvinculadas-desalojadas-de tempos, lugares, histórias e tradições específicos
e parecem “flutuar livremente”.
(p.76) “homogeneização cultural”.
(p.76) [...] o que está sendo
discutido é a tensão entre o “global” e o “local” na transformação das
identidades.
5. O Global, o local e o
retorno da etnia
(p.77) As identidades nacionais estão
sendo “homogeneizadas”?
1ª[...] ao lado da tendência em
direção à homogeneização global, há também uma fascinação com a diferença e com
a mercantilização da etnia e da “alteridade”. Há, juntamente com o impacto do
“global”, um novo interesse pelo “local”.
[...] explora a diferenciação local.
(p.78) 2ª [...] a globalização é muito
desigualmente distribuída ao redor do globo, entre regiões e entre diferentes
estratos da população dentro das regiões.
3ª ponto crítico da homogeneização
cultural é a questão de se saber o que é mais afetado por ela. Uma relação
desigual de poder cultural entre “o Ocidente” e “o Resto”.
The Reste in the West (O
Resto no Ocidente)
(p.80) Três possíveis
consequências da globalização.
a) globalização caminha em paralelo
com um reforçamento das identidades locais, embora isso ainda esteja dentro da
lógica da compressão espaço-tempo.
b) A globalização é um processo
desigual e tem sua própria “geometria de poder”
C) A globalização retém alguns
aspectos da dominação global ocidental, mas as identidades culturais estão, em
toda parte, sendo relativizadas pelo impacto da compressão espaço-tempo.
O fenômeno Migração – impulsionadas
pela pobreza, pela seca, pela fome, pelo subdesenvolvimento econômico
(p.83) A formação de “enclaves”
étnicos minoritários no interior dos estados-nação do Ocidente levou a uma
“pluralização” de culturas nacionais e de identidades nacionais.
A dialética das
identidades
(p.83) Como esta situação tem se
mostrado na Grã-Bretanha, em termos de identidade?
(p.84) A categoria da identidade não
é, ela própria, problemática?
(p.84) É possível, de algum modo, em
tempos globais, ter-se um sentimento de identidade coerente e integral?
(p.85) “O fortalecimento de
identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros
dos grupos étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras cultural.
(p.89) A palavra “tradução” significa
“transferir” – são homens traduzidos – eles são produtos das novas diásporas criadas pelas migrações
pós-coloniais.
6. Fundamentalismo
diáspora e hibridismo. (p.91)
Movimento contraditório entre Tradição
e Tradução
(p.97) [...] a globalização pode
acabar sendo parte daquele lento e desigual, mas continuado, descentramento do
ocidente.
Referência: HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tadeu da Silva. Guaracira Lopes Louro. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
Referência: HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tadeu da Silva. Guaracira Lopes Louro. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
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